Seja Bem Vindo

2.11.11

A primeira e mais difundida é a crítica frente a uma festa que além de ser estrangeira, seria norteamericana, e o fato de celebrarmos o dia das bruxas no Brasil nada mais é do que abrir os braços a um imperialismo que além de econômico também é cultural. Bom, honestamente acredito que o tempo de exaltar um pseudonacionalismo já se passou, pois do contrário, ninguém mais iria aos cinemas onde quase que totalmente das estreias dos filmes de massa são produzidos nos Estados Unidos. E o mesmo se aplica ao futebol, a cerveja e ao carnaval, que de “Brasil” pouco tem. Além disso, a comemoração do Halloween não é genuinamente americana, mas importada através da imigração dos irlandeses cuja festividade de Samhain de traços importantes dos povos celtas fundamentam esse tipo de comemoração. Só aí dois argumentos caem por terra.

Outra pergunta que continua nessa corrente é a clássica: “E o que o Brasil tem haver com bruxas?” Bom, e existiria um país que não teve – e ainda tem – bruxas em sua história? Existiram o que chamamos de degredados, ou seja, uma marginalidade européia que era deportada para o Brasil na época colonial, como um tipo de punição pelos crimes cometidos. Dentre essas pessoas, incluíam-se homens e mulheres acusados de bruxaria, heresia e também ciganos. Suas culturas misturaram-se com o conhecimento das benzedeiras, ou parteiras, ainda hoje existentes no meio rural principalmente no norte do Brasil. Em nosso país não houveram fogueiras ou forcas em massa – o que corrobora para essa ideia de que “não tivemos bruxas” – mas freqüentes visitações do Santo Ofício aconteciam nessa época, implicando nas devidas punições frente aos “desvios” encontrados.

O melhor de todos os argumentos é que o Halloween é uma festa de origens pagãs, e nenhuma relação tem com os bons hábitos cristãos. Bom, mas quanto a isso eu não vou me estender. Apenas pergunto a essas pessoas onde está a origem pura e cristã de um Natal celebrado na época de um solstício que prega o renascimento da Luz, dentre tantas outras coisas, ou de uma Páscoa comemorada nas proximidades de um equinócio e cujo símbolo principal é um coelho da fertilidade.

Mas o mais interessante, a ao meu ver, melhor fundamentando: “O Halloween é uma deturpação de festas genuinamente pagãs, pessoas sérias que utilizam-se da bruxaria como uma verdadeira jornada espiritual não deveriam banalizá-la dessa forma.” Bom, eu também já acreditei nisso, mas acredito que as coisas não são bem assim. A cultura é algo vivo e constante, sempre em transformação.

Cultura essa, que implica em mentalidades e visões de mundo que também a todo o tempo se transformam. Creio que o verdadeiro bruxo sabe oscilar entre os mundos sagrado e profano e deve saber separar bem uma coisa da outra.

Minha conclusão é a de que os seres humanos devem ser mais flexíveis e viver a vida com mais maleabilidade. E bem sei que é difícil e um esforço constante, pois eu me incluo nisso.

Bom Halloween!

Odir Fontoura

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