Outra pergunta que continua nessa corrente é a clássica: “E o que o Brasil tem haver com bruxas?” Bom, e existiria um país que não teve – e ainda tem – bruxas em sua história? Existiram o que chamamos de degredados, ou seja, uma marginalidade européia que era deportada para o Brasil na época colonial, como um tipo de punição pelos crimes cometidos. Dentre essas pessoas, incluíam-se homens e mulheres acusados de bruxaria, heresia e também ciganos. Suas culturas misturaram-se com o conhecimento das benzedeiras, ou parteiras, ainda hoje existentes no meio rural principalmente no norte do Brasil. Em nosso país não houveram fogueiras ou forcas em massa – o que corrobora para essa ideia de que “não tivemos bruxas” – mas freqüentes visitações do Santo Ofício aconteciam nessa época, implicando nas devidas punições frente aos “desvios” encontrados.
O melhor de todos os argumentos é que o Halloween é uma festa de origens pagãs, e nenhuma relação tem com os bons hábitos cristãos. Bom, mas quanto a isso eu não vou me estender. Apenas pergunto a essas pessoas onde está a origem pura e cristã de um Natal celebrado na época de um solstício que prega o renascimento da Luz, dentre tantas outras coisas, ou de uma Páscoa comemorada nas proximidades de um equinócio e cujo símbolo principal é um coelho da fertilidade.
Mas o mais interessante, a ao meu ver, melhor fundamentando: “O Halloween é uma deturpação de festas genuinamente pagãs, pessoas sérias que utilizam-se da bruxaria como uma verdadeira jornada espiritual não deveriam banalizá-la dessa forma.” Bom, eu também já acreditei nisso, mas acredito que as coisas não são bem assim. A cultura é algo vivo e constante, sempre em transformação.
Cultura essa, que implica em mentalidades e visões de mundo que também a todo o tempo se transformam. Creio que o verdadeiro bruxo sabe oscilar entre os mundos sagrado e profano e deve saber separar bem uma coisa da outra.
Minha conclusão é a de que os seres humanos devem ser mais flexíveis e viver a vida com mais maleabilidade. E bem sei que é difícil e um esforço constante, pois eu me incluo nisso.
Bom Halloween!
Odir Fontoura